Menos intensidade e mais futebol!

O mês de março está terminando e com ele fica a impressão de que o Goiás ainda não está pronto para concluir bem a temporada 2018, sobretudo no que se refere ao retorno à Série A do futebol nacional. Foram seis jogos antes da segunda partida pelas semifinais do Campeonato Goiano, que acontecerá ainda este mês (28/03). Nesse ínterim, o Verdão venceu apenas o Rio Verde (4 x 0), no encerramento da primeira fase e obteve a classificação para a quarta-fase da Copa do Brasil, após o empate fora de casa contra o Coritiba (1 x 1). Foram três derrotas (Atlético, Iporá e Anapolina), dois empates (Anapolina e Coritiba) e apenas uma vitória (Rio Verde).

Com isso, muitas críticas começam a aparecer sob a forma de “nuvens negras” sobre a Serrinha, questionando o trabalho do clube, elenco e sobretudo a comissão técnica comandada pelo experiente treinador Hélio dos Anjos, que completou 350 (trezentos e cinquenta) jogos como técnico do Goiás. O comandante foi considerado um dos responsáveis por resgatar a autoestima e ajudar o Goiás a se manter na Série B, após a ameaça de rebaixamento para a terceira divisão ano passado. Contudo, ainda não passou a confiança de que é realmente um treinador “moderno”, sobretudo por insistir em um velho discurso de valorização de seu trabalho, inclusive nas derrotas, e engrandecer os adversários, mesmo com times modestos. O termo intensidade já é uma expressão que irrita muitos torcedores, por sua incoerência e repetição.

Valorizou demais o Campeonato Goiano e agora precisa justificar os motivos, pois não existe nenhuma equipe adversária no estadual que seja digna de admiração ou jogue um futebol de alto nível. Mandou a campo jogadores em momentos que não precisaria utilizá-los, devido ao fato de que tem competições mais importantes pela frente. Não é possível avaliar se a série de contusões que alguns jogadores sofreram tem relação só com o fato de serem escalados para jogos de menor importância, mas o fato é que o prejuízo está aí. O clube ainda procurando contratar jogadores com a temporada em curso.

Hélio e sua comissão chegaram a mostrar um certo arranjo tático que obteve um desempenho positivo no Goiano (O Goiás tem a melhor campanha até aqui), e conseguiu superar três adversários pela Copa do Brasil em 2018. Porém, quando o assunto é evolução individual de jogadores, poucos conseguem enxergar alguma contribuição direta do treinador. Os atletas oscilam muito e a maioria não consegue ser unanimidade entre os críticos e a torcida. Além disso, as derrotas desencadeiam uma série de críticas e cobranças e muitos jogarem sentem muito o peso desse fardo, caindo nitidamente de rendimento e perdendo a confiança no próprio futebol.

O treinador não venceu um clássico desde que voltou ao Goiás. Foram quatro jogos, sendo três com o Vila Nova (2 empates e 1 derrota) e uma derrota para o Atlético. O time passou sufoco em boa parte dos jogos do Campeonato Goiano e ainda levou uma goleada vergonhosa para o Iporá. Agora, precisa fazer o resultado em casa, contra a Anapolina, que já veio ao Serra Dourada esse ano e segurou um empate contra o mesmo Goiás. Um adversário que merece respeito, mas que veio da segunda divisão do estadual recentemente. Não dá para igualar forças com o Goiás, assim de uma hora para outra, inclusive por que sabemos das dificuldades que um time como esse passa para se manter.

Não estou aqui fazendo campanha pela saída do treinador e nem sequer algum tipo de insinuação. Mas o trabalho precisa melhorar. O time peca no quesito “pegada”, disposição e capricho na execução das jogadas. Por outro lado, tem muitos jogadores que tem mais “marra” do que futebol e não compreendem bem o papel do jogo coletivo. São muitas as falhas dos atletas que demonstram a baixa qualidade técnica e a falta de fundamentos básicos do futebol, em um time que luta para estar na elite desse esporte. Como experiente, Hélio tem que repensar logo esse estilo e sopesar suas atitudes. Mostrar quem manda! Fazer alguns atletas baixarem a bola e render mais para o time. Não queremos uma nova família e nem mais bons amigos, mas só um time respeitado.

A solução de tudo isso passa pela comissão técnica e não nos cabe aqui ficar mitigando essa análise com números, estatísticas ou coisas desta natureza. Não dá pra dizer que o time caiu de rendimento, pois esse rendimento nunca foi alto o suficiente. Precisamos de uma equipe mais lúcida e eficiente, que se imponha frente aos modestos adversários que estamos enfrentando neste estadual. Temos camisa e tradição para exigir mais do que essas migalhas que estão nos oferecendo e espero que até o próximo jogo alguma coisa mude na atitude do treinador e dos jogadores, para que o time possa ter paz para a sequência da temporada e afaste um pouco a desconfiança e as “nuvens negras” que cobrem o céu esmeraldino.