Opinião: O torcedor atingiu o nível da estafa

Não é complicado decifrar o Goiás. Basta analisar o dia a dia do clube, assistir aos jogos, e usar um pouco da cachola, para entender o método ‘oitentista-administrativo’ do clube. O método ainda atinge um efeito ‘nutella’, ao analisar o tratamento do clube para com o futebol profissional, onde o jogador profissional é tratado como ‘rei’, sem efetivas cobranças.

Recentemente várias frentes de torcedores se uniram para fazer um protesto curioso: público zero. A explicação nem precisaria ser feita. Tal protesto demonstra a insatisfação face ao modelo administrativo do clube, insatisfação essa não desta última temporada, mas sim praticamente de uma década inteira acumulada de má-gestão dentro de campo.

Deixemos de lado por um instante a paixão pelo futebol. O torcedor é consumidor. Ele precisa ser convencido a ‘consumir aquele produto’, que no nosso caso é o Goiás Esporte Clube. Pensem por um instante: o que o vendedor desse produto fez recentemente, ou nos últimos anos, para que você o consumisse?

(Momento de reflexão)

Foram três anos amargando uma segunda divisão, onde o clube foi ‘cuspido’ para cima. São longos anos trazidos pela falsa emoção de se vencer uma competição estadual que não traz nível ao que é objetivo. São longos anos amargando uma gestão de futebol temerária, que a todo momento não demonstra pulso para domar seus comandados. E, por fim, longos anos administrados por um método de gestão ultrapassada, coronelista e única. Cadê a oposição?

No Goiás não existe exigência. O Goiás é um clube acomodado, e essa acomodação que traz um sério risco: se não se adaptar ao atual nível do futebol brasileiro – que estabeleceu o profissionalismo e está em constante evolução – pode até mesmo fechar as portas.

O Goiás se gaba como uma das melhores estruturas do Brasil. Já é demonstrado ser um clube que não possui dívidas. De que adiantaria isso, por exemplo, se cair para Série B? Não existem cotas de TV como as que o Goiás ganhou nos últimos anos na divisão inferior, motivo do qual de plano uma queda seria a assinatura da falência do clube. Hoje o Goiás vive quase em sua totalidade de TV.

O clube possui belos CTs, possui centenas de funcionários, tem receitas/despesas maiores do que muitos municípios do Estado, e, ironicamente, não consegue ter gestores capazes de administrar o maior produto que traz receita ao clube: o departamento de futebol profissional.

Alguém aqui tem motivação suficiente para gastar seu dinheiro com o Goiás? Ah, tudo bem, R$ 19,66 mensais são poucos para assistir os jogos. Mas esquecem que o torcedor precisa ter o Premiere Futebol Clube, esquecem que o torcedor precisa pagar transporte para ir ao Serra, pagar estacionamento, tomar uma gelada, comer algo, levar 1 ou 2 familiares, isso sem contar gastos com produtos oficiais, como a camisa, por exemplo.

O Goiás, para o torcedor, é um produto com plena capacidade de consumo, onde se pode gastar muito. Mas o torcedor, para o Goiás, é algo irrelevante. É mais fácil minimizar um protesto legítimo e tomar atitudes retalhadoras, do que buscar trazê-lo para o seu lado.

O Goiás não tem gestão. O Goiás não tem oposição. O Goiás não tem objetivos que visam o crescimento. Por isso, o protesto é legítimo, e ao invés do vendedor do produto olhar com desdém para o seu consumidor, deveria se preocupar em como melhorar para manter o seu fiel torcedor sempre ao seu lado.